Figura extraordinária embora controvertida, praticamente desconhecida dos moradores da cidade.
NOTA - Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda, mais conhecido no Brasil como José Marcelino de Figueiredo (Bragança, 16 de abril de 1735 — Lisboa, 28 de abril de 1814). Como se vê que usou outro nome do seu verdadeiro nome registrado em Portutual, vindo a ser nosso Administrador e, na verdade, o fundador da capital.
José Marcelino de Figueiredo fundou Porto Alegre, mas seu nome é quase desconhecido na capital
A importância de José Marcelino de Figueiredo para o Porto dos Casais, mais tarde, Porto Alegre.
Em 24 de abril de 1763, ou seja, seis anos antes da chegada de Marcelino ao Porto dos Casais, a Capitania do Rio Grande de São Pedro foi invadida por tropas espanholas que apoderaram-se da localidade de Rio Grande, a pioneira de todas da Capitania e forçaram, com isso, que a Capital fosse transferida para Rio Pardo(1763) e logo após para Viamão (1773). Ao chegar no Porto dos Casais, proveniente do Rio de Janeiro, Marcelino trazia consigo a Ata do vice-rei, Marquês do Lavradio (Luis de Almeida Soares Portugal Alarcão Eça de Melo) que o nomeava governador da Capitania, com plenos poderes para erguer as construções necessárias à proteção da localidade e todas as iniciativas que modificassem o “status” do então Porto dos Casais. O detalhe é que JMF precisou de muito pouco tempo para concluir sobre a realidade daquele povoado, situado às margens do rio Guaíba – “a estratégica posição do Porto dos Casais, situado a meio caminho entre Rio Grande e Rio Pardo, os dois polos mais fortificados do Continente, é uma garantia de segurança e de fácil acesso”, proclamou Marcelino sobre a localização do então Porto dos Casais.
Com base neste argumento a 1ª tentativa de JMF não conseguiu ser aprovada pelo vice-rei, mas a 26 de março de 1772, por sua insistência, o Porto dos Casais foi desmembrado de Viamão e promovido à Freguesia com o nome de São Francisco do Porto dos Casais, enquanto Viamão continuaria, por muito pouco tempo, a ser a Capital da Província.
A 25 de julho de 1773, novo contato de Marcelino com o vice-rei Marquês do Lavradio, surpreendeu a to-dos e possibilitou o envio de uma correspondência às autoridades de Viamão, com o conteúdo que foi, simplesmente, a maior referência que alguém poderia ter dado a uma localidade, sua recomendada para ser uma Capital de Capitania, quando, a atualidade era de um simples porém – bem localizado – povoado. Assim escreveu ele: “Participo haver mudado minha residência, com a Provedoria, para este Porto que o Senhor Vice-Rei determinou seja Capital desta Província”… e mais adiante… “estas circunstâncias fizeram-me persuadir que não hesite um só momento em mudar sua residência desse Arraial com Cartório para este dito Porto, porque brevemente hei de criar Vila na forma das ordens …”.
Na data acima, portanto, cada Juiz Ordinário e mais funcionários da Câmara do Continente receberam a carta de José Marcelino de Figueiredo, com uma orientação que não deixou a menor dúvida (como ele mesmo fez questão de frisar).
Além de todo o apoio dedicado Porto Alegre, à época uma Freguesia desmembrada de Viamão, José Marcelino de Figueiredo:
- Designou o Capitão Alexandre José Montanha - Capitão de Infantaria com Exercício de Engenheiro – para demarcar as Datas (Terras) a serem repartidas entre os colonos açorianos, que há mais de 17 anos aguardavam o “espaço” que lhes havia sido prometido;
- Mandou construir a cinta de fortificações para reforçar a defesa de Porto Alegre e construiu a Igreja Matriz (1752-1784), que ilustrou a Portal Mix da semana que passou;
- Construiu quartéis, além de todas as demais iniciativas, igualmente constantes da Portal Mix anterior;
- Mandou construir estradas e pontes;
- Fundou a 1ª escola de Porto Alegre em 1778, dois anos antes de regressar para o Rio de Janeiro;
Em 1782, ao voltar para Portugal, reassumiu seu verdadeiro nome – Manoel Jorge Gomes Sepúlveda.
Por ocasião do domínio napoleônico na Península Ibérica, já com mais de 70 anos, teve atuação tão destacada que mereceu a atenção especial de Sua Majestade D. João VI, do Brasil, que o nomearia, a 04 de janeiro de 1809, para seu Conselho de Guerra.
Manoel Jorge Gomes Sepúlveda/José Marcelino de Figueiredo faleceu a 18 de abril de 1814, em Lisboa.
Na preparação e consecução deste material especial sobre José Marcelino de Figueiredo, destaco a importância do Livro Porto Alegre – A cidade e sua formação, autoria de Clóvis Silveira de Oliveira, uma aula sobre este e outros assuntos referentes ao Estado Gaúcho, recebido das mãos do autor em 16 de julho de 1993, Editora Gráfica Metrópole S/A.
Agradecimentos especiais e um abraço deste escritor.
Raul Moreau* - raulmoreau@raulmoreau.com.br
· Falecido em 6 de outubro de 2016
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