Minha Porto Alegre - Jorge Loeffler* - março de 2011
Nasci e vivi boa parte dos meus quase 67 anos em Porto Alegre. Meus filhos tiveram parte de sua criação nela. O nosso Mercado Público para mim é uma das coisas mais agradáveis que nela há por seus cheiros. Depois da reforma no governo Olívio Dutra penso que tenha ficado ainda melhor, ou pelo menos mais “arejado”.
Lembro quando nós, o meu irmão Henrique e eu levados pelo pai íamos até o caís onde pescávamos lindos e graúdos lambaris. Sempre aos domingos. Na véspera “caçávamos” gordas minhocas na horta lá de casa. Nosso pai embora não fosse muito alto, pois tinha 1,72 e caminhava rápido e nós, volta e meia, tínhamos que correr para acompanhá-lo até ao fim da linha do bonde Petrópolis. Pois os bondes se foram já que algumas antas durante a ditadura resolveram livrar-se deles por antiquados. Hoje o mundo todo ainda os usa, mas aquelas antas eram “modernizadoras”. Às vezes éramos levados até Praça da Matriz ali onde hoje temos nossa Assembléia Legislativa para ouvirmos não sei que banda no antigo Auditório. Lembro da Concha Acústica e dos bancos, estes rústicos e feitos em pedra (granito) que hoje me fazem lembrar a velha Roma. Que lugar lindo e gostoso. Conseguiram livrar-se dele.
Diziam e dizem que o progresso precisa de passagem. Será mesmo? O bonde tomávamos para ir ao Colégio Rio Branco onde fizemos o então curso primário.
Na volta optávamos por caminhar economizando algumas moedas para outra destinação. Essas caminhadas eram feitas pela Rua Felipe de Oliveira, paralela à Protásio Alves, pois ali não havia aquele Trânsito infernal da Protásio. Na esquina da Borges do Canto havia uma Praça com uma enorme caixa d’água que nem sei se ainda existe. Ali parávamos para descansar.
E ali de vez e quando encurtávamos um já nada jovem senhor, como seu rosto fino com o qual conversávamos. Dele muitos bons conselhos recebemos. Era um filho de Cruz Alta, autor de uma obra literária infantil que jamais consigo esquecer, As Aventuras de Tibicuera. Porto Alegre me deu o privilégio que sei que hoje poucos ainda vivos tiveram que foi conhecer esse senhor simpático cujo nome era Erico Verissimo.
Óbvio que à época não tínhamos a idéia de quem ele era no contexto cultural. Havia igualmente o Cubo. Bem isto deixo pra lá, pois não é nada agradável sua lembrança.
* Jorge Loeffler edita o www.praiadexangrila.com.br – Publicado em www.previdi.com.br

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