A razão é simples: não poderia ser “Ruas de Porto Alegre”, para evitar falso entendimento que trataríamos de todas elas.
São Certas Ruas. São - neste volume - algumas poucas, até porque ainda não sei quantos volumes posteriores vou conseguir trazer ao público.
Não se trata nem de um trabalho histórico, por não ter um método de pesquisa exaustivo nem um roteiro uniforme de apresentação. São contribuições para entender um pouco de nossa História.
As escolhas foram aleatórias.
Os (as) leitores (as) encontrarão textos bem variados, alguns até poderão ensejar polêmicas; na medida em que fui provocativo em alguns casos, pois soube aprender com leituras de pessoas que estudaram e sabem mais do que eu sobre nossa História, sobre a cidade e nossas ruas e praças.
Estudar as ruas de uma cidade tem algo de antropológico e histórico. Nestes meus estudos (que não se preocuparam com "rigor científico") não deixo de procurar entender algumas razões de certas nominações.
Há dados aqui de algumas ruas de forma mais abrangente. Mas muito mais os leitores vão encontrar nos dois volumes de “Ruas de Porto Alegre” de Eloy Terra, que tinha um programa de rádio. Muito aprendi com o maior pesquisador de Porto Alegre, Sérgio da Costa Franco, lendo e consultando vários de seus livros. Na bibliografia que não citarei a tudo e a todos que li e pesquisei, o leitor encontrará possibilidades de maior aprofundamento sobre o tema.
Devo dados cruciais também a Hilda Flores, os quais encontrei num livro seu sobre o Bairro Tristeza.
A coleção “Bairros de Porto Alegre” me ajudou bastante. Como o livro “MEDICOS HOMENAGEADOS’.
Já o livro “Logradouros públicos em Porto: presença feminina na denominação” me serviu de guia para captar com facilidade o tema RUA DAS DONAS e RUAS DAS MULHERES DO POVO, ajudando a não esquecer nenhuma delas, pois o mesmo é bem didático.
Como neste, em muitos casos, tem o número da Lei, pude ir às Exposições de Motivos, quando o autor dá suas razoes da nominação.
Já no livro NOME DE RUA encontrei também dados importantes.
O google maps, no caso da localização das ruas foi de grande utilidade, pois pude corrigir e atualizar dados de Bairros de modo especial.
Mesmo com a atenção que temos que ter com a Internet em geral, em especial a Wikipédia, se usado com outras pesquisas pode ajudar em muito.
As visitas in loco não podem faltar e ajudaram a fornecer ao leitor a devida localização de ruas, travessas, avenidas, especialmente as várias “sem começo e sem fim”.
Houve também informações passadas por pessoas sobre vários casos, que quando relevantes citei no texto.
Nomes de ruas denotam muitas vezes quem foram os vencedores no processo histórico e social, como guerras e revoluções. Mostram o peso dos que tiveram poder, da relação de proximidade que tiveram seja do Executivo no passado como dos legisladores no presente. No último período alguns legisladores agiram mais como "compadres" dos mortos ou de seus parentes, dando-lhes nome de ruas, do que a preocupação com o papel que estes indivíduos tiveram na História.
A nominação de vias com nomes de mulheres são poucas. Muitas destas são ruelas em bairros periféricas, a grande exceção é a primeira nominação feminina da capital; Luciana de Abreu: é nome de uma rua num dos bairros nobres da cidade, o Moinho de Ventos.
Aqui, apresentei várias delas para valorizá-las, tentando mostrar quem foram elas, mas no caso das “Donas”, de várias nada se sabe, ou melhor, quase sempre foram benemerentes no passado ou lideranças locais, comunitárias ou religiosas.
No caso das mulheres do povo deve haver lacunas, pode gerar dúvidas sobre os critérios que adotei. Pautei-me essencialmente por registrar mulheres que tiveram destaque pelo trabalho na comunidade. Noutro volume tratarei de outras mulheres até populares, mas que por berço, por casamento, por família, por estudo etc. tiveram destaque popular.
Fui crítico a alguns nomes como o de Marcos Rubin, especialmente pelos importantes dados apontados pelo jornalista Walter Galvani, como fiz revelações, que poucos sabiam, sobre a Tomaz Flores, que contradito meu autor preferido Sérgio da Costa Franco, mas remeto ao Euclides da Cunha de Os Sertões para tirar dúvidas. Nestes e noutros casos não é afronta a eles e/ou seus familiares. Não me censurei. Nem de longe também pensar em propor mudança deste por outro nome.
Numa parte do livro mostro as homenagens aos Estados da Federação. Mostro como se cuidou, em algum momento, nominar ruas com homenagens concentradas em Bairros como estes dos Estados no IV Distrito e dos Municípios no Bairro Petrópolis, estes últimos serão tratados em outro volume.
No Centro Histórico vamos encontrar quem esteve no palco da Guerra do Paraguai, o que prova que ruas são uma boa fotografia dos vencedores, como já disse aqui. Mas deixo para o futuro esta análise.
Estou certo que os castilhistas nominam mais ruas e mais importantes vias do que as denominações dadas aos assisistas, que foram quase sempre desdenhados. A Avenida Assis Brasil é hoje uma exceção, por causa da expansão da cidade, mas era um simples “caminho” para a Zona Norte. Já o próprio Júlio de Castilhos dá nome a uma importante rua do Centro Histórico e nomina a principal sala da Assembleia Legislativa, o mais belo monumento da cidade, a maior escola do Estado, o nosso Museu Histórico e uma praça, num bairro nobre.
Aqui, eu sei que leitores vão discordar. E eu os desafio a escrever, pois no Volume II pretendo retomar o tema, com a publicação de pequenos textos sobre esta temática.
Nalgum momento aparecem nomes de pessoas ligadas aos movimentos de esquerda e populares, em especial nos anos 90 devido ao fim da ditadura. Esta é outra das minhas observações. Neste volume pouco falarei e nos próximos vou fazer as devidas sinalizações.
Trato das vias nominadas com DONA, com apenas o prenome da pessoa lembrada. Creio que o espaço rendeu algumas informações bem interessantes.
Noutro lugar trato da Família Telles e do nome Tel(l) es em ruas da cidade.
Haverá espaço onde falarei de nove médicas, num universo de quase 180 médicos dando nome a ruas.
Haverá algumas curiosidades sobre ruas curtas. Desta feita do Centro Histórico.
Haverá de nomes considerados estranhos ou exóticos.
Trato de nomes de dois bairros em destaque, o IV Distrito e a Zona Norte (onde faço um breve histórico de um de seus bairros: Santa Maria Goretti).
Saberão os leitores que há uma rua fechada de ponta a ponta na cidade.
Falo mais destacadamente de certas ruas, como vão encontrar aqui também em Anexos algumas Crônicas e Resenhas e mais alguns outros registros.
Ainda haverá muito a explorar como o caso do meu colega vereador João Carlos Nedel que nominou algumas centenas de vias públicas, algumas com nomes de padres, freiras e religiosos em geral, bem como de pessoas da sua região natal, São Luiz Gonzaga e querências missioneiras.
Daria certamente um volume especial. Fiz a provocação ao colega e tudo indica que faremos juntos um volume.
O tema do negro, dos índios, dos malditos terá no futuro sua devida e merecida análise.
Espero que o (a) leitor (a) possa tirar o devido proveito das minhas anotações
Primavera de 2019
Comments